quinta-feira, dezembro 20, 2007

segunda-feira, dezembro 10, 2007

POIESIS em S. J. da Madeira

“Tu sabes que a ideia de poiesis (criação) é algo múltipla, pois na realidade toda a causa que faça passar qualquer coisa do não ser ao ser é criação, de modo que também os trabalhos realizados em todas as artes são criações e os seus artífices são todos poetai (criadores) … Mas também sabes – continuou ela – no entanto têm outros nomes e que do conjunto inteiro da criação se separou uma parte, a concernente à música e ao verso, e se a denomina com o nome do todo. Unicamente a isto se chama, com efeito, “poiesis” e “poetai” aos que possuem esta porção de criação”

Platão: ”O Banquete”
POIESIS é uma palavra de origem grega que significou inicialmente criação, acção, confecção, fabricação e depois terminou por significar arte da poesia e faculdade poética. Já perdoamos Platão porque quando expulsa os poetas da sua República por “falsos pedagogos”, põe na boca de Diotima as palavras acima citadas. Ou seja, a poiesis é “fazer passar qualquer coisa do não ser ao ser”… “ a concernente à música e ao verso… a tudo isto se chama, com efeito, “poiesis” e “poetai” aos que possuem esta porção de criação”. Para os filósofos gregos o ser é “presença”, um surgimento, um nascimento, um “sair para a luz e arrancar-se ao ocultamento e ao não-ser” com a possibilidade de voltar em qualquer momento ao não-ser e perecer, de não mediar a poiesis que o extrai do fundo primordial do não manifestado e que permanece inacessível. “Poiesis”, que no caso do verso se manifesta por via do “dizer” que é “apresentar a própria coisa dita ou deixar que a própria presença da coisa tenha lugar”. “Dizer” que é também palavra enquanto fala o “logos”, arrancando ao não manifestado o ser, que se re-presenta. Voltar à criação é o propósito deste laboratório de palavras, onde a sinestesia perdida se reencontra com as outras formas de “poiesis” e outros “poetai” de que falava Diotima. No caso a música, a imagem e a própria re-presentação.
A Performance
POIESIS é uma performance que conta com a participação de 5 intérpretes, um DJ, um videasta e um sonoplasta. Além do formato de sala, é adaptável a vários espaços como bares, museus, galerias, jardins ou outros. Vários quadros temáticos em que a música, a palavra e a imagem se misturam numa sinestesia poética. Tem a duração de uma hora, aproximadamente.
Ficha Artística
Encenação/ Direcção Artística – Lígia Lebreiro Remisturas/Montagens Sonoras/Dj – Simão Valinho (DjMão) Vídeo – Rita Patrício Sonoplastia – Jorge Portela Figurinos – Lígia Lebreiro Intérpretes – Companhia Persona: Isabel Vieira Janete Brandão Lander Pedro Lino Sílvia Silva Tatiana Sousa
Textos:
Almada Negreiros António Lobo Antunes Blixa Bargeld – Einsturzende Neubauten Fernando Pessoa Jorge de Sena José Gomes Ferreira Lígia Lebreiro Lúcia Rodrigues