Silêncio. O silêncio baseia-se numa espécie de vapor de fogo e neve.O silêncio é a ausência de uma gravidade grave, aguda e esdrúxula. O mundo é a renovada Babel à espera de um Pentecostes, em que as línguas de fogo sejam substituídas pelas bocas fechadas. O silêncio é a eterna continuidade na descontinuidade... O fio de arame farpado , de uma Ariadne adormecida, rasgava os nus e os nós. Um piano dissonante mantia o respeito pelas formas obscuras da concentração mental no inaudito. A ausência florescia num campo de campas rasas, vasas, incendiadas... O egoísta tinha enganado – se sobre o sítio onde o seu corpo jazia. O altruísta foi lá enterrá-lo e lembrar-lhe que o primeiro som audível é sempre o último a ser escutado… E quando foi lá enterrá-lo com o bilhete de identidade pendurado nas orelhas sem dedos ,o egoísta teve o seu primeiro acto altruísta e o altruísta o primeiro acto egoísta. Ambos debaixo de terra apaziguaram a indiferença um pelo outro durante a vida, como lobos sedentos de sangue e cães ciosos, cientes que a estupidez era a cruz que tinham colocado nos seus caixões de vidro. Eis que surgiu a sombra de Wittengenstein a mandar calar o indizível…( Excertos do Sol e a Lua, JN)
segunda-feira, fevereiro 06, 2006
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